"Tudo é tão simples que cabe num cartão postal..."
Cazuza

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Billie Holiday



Billie Holliday foi a melhor cantora de jazz de sua geração e, na opinião de seus admiradores e de muitos críticos, a melhor de todos os tempos. Eleanora Holiday nasceu no gueto negro de Baltimore. Sua certidão de nascimento nunca foi encontrada, portanto a data aceita de seu nascimento era a que ela costumada dizer: 7 de abril de 1915. Sua mãe, Sadie Fagan, a chamava Nora. Era o pai, o guitarrista Clarence Holiday, quem lhe chamava de “Bill”, por achar que ela se comportava como um garoto. Seus pais eram meros adolescentes quando ela nasceu: Clarence tinha 15 anos e Sadie, 13.
Billie sofreu tudo o que se poderia esperar na vida de uma menina americana negra e pobre. Viveu com a mãe separada do pai, foi violentada por um vizinho aos dez anos e castigada por isso, sendo internada em uma instituição com “métodos correcionais” pré-medievais. Aos doze, trabalha lavando assoalhos e prestando serviços a dona de um prostíbulo, onde ouve pela primeira vez discos de Louis Armstrong e Bessie Smith. Aos 14, já em New York, indignada com a posição de criada de sua mãe e com o racismo, cai na prostituição e enfrenta quatro meses de cadeia “por não querer satisfazer um chefe da máfia negra do Harlem”.
Em 1930, ameaçadas de despejo por deverem 45 dólares ao senhorio, Billie sai à rua “disposta a roubar ou matar se preciso”. Aí começa a lenda de Billie. Percorrendo os bares do Harlem em busca de algum dinheiro, entra no Pod’s and Jerry’s oferecendo-se como dançarina. Um desastre. O pianista, com pena, pergunta se ela sabe cantar e Billie pede que que ele toque Trav’lin All Alone. Em poucos instantes todos estão com os olhos grudados nela, que sai do bar com cinquenta e sete dólares e um emprego com salário fixo. Três anos depois, tendo cantado em vários lugares, é assistida pelo produtor John Hammond. Em 27 de novembro de 1933 entra em estúdio pelas mãos de Benny Goodman.
Em 1935 já aparece cantando com a orquestra de Duke Ellington no filme Symphony in Black e inicia uma frutífera parceria com o pianista Teddy Wilson, gravando com ele mais de oitenta músicas em seis anos. No entanto, suas experiências com as Big Bands, entre 1936 e 1938 são amargas. Com Count Basie passa por vexames como pintar o rosto com graxa de sapato porque um empresário achou que sua pele era muito clara. Com a orquestra branca de Artie Shaw, é muito bem tratada pelos músicos mas sente o racismo nas turnês pelo Sul. Cansada de tais humilhações, volta para New York e, mais uma vez pelas mãos de Hammond, consegue um bom contrato no Café Society, de Barney Josephson. É lá que sua fama começa a se firmar.
Em 25 de janeiro de 1937, Billie e o saxofonista Lester Young entram juntos pela primeira vez em um estúdio. Alguém escreveria que naquele dia “surgiu uma nova forma de poesia amorosa entre a voz humana e o instrumento musical”. Em quatro anos gravaram cerca de 50 canções, verdadeiras jóias, repletas de swing, bom gosto, criatividade e cumplicidade que se estendia ao trompetista Buck Clayton. Lester a chamava de Lady Day e ela o apelidou de Prez (de “presidente dos sax-tenores”).
A autobiografia (1956), escrita em colaboração com o jornalista William Dufty, foi chamada Lady sing the Blues. O título refere-se mais a sua infância infeliz e seu envolvimento com a heroína do que propriamente a sua música. Sua carreira foi entremeada de entradas em hospitais e prisões à medida que o vício lhe trazia mais problemas. O filme Ocaso de uma estrela, estrelado por Diana Ross, serviu somente para chamar a atenção do público sobre Billie. Diana não está bem no papel e a crítica não a poupou.
Billie Holiday só ganhou a devida fama e respeito após sua morte, que aconteceu em 17 de julho de 1959. Para conhecer sua vida não é preciso ler nenhuma biografia, mas apenas ouvir sua voz interpretando as centenas de preciosidades que deixou gravada.

Fonte:http://certasmusicas.digi.com.br/jazzblues/billieh.html

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